quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Adib Jatene entrevistado na Coleção Pensamento Contemporâneo

Referência mundial em cirurgia cardíaca e nos campos do ensino, da cura e prevenção de doenças, Adib Jatene é o entrevistado no novo título da coleção Pensamento Contemporâneo, publicado pela EdUERJ.

Durante a entrevista conduzida pelos professores Eliete Bouskela e Maria Andréa Loyola, em tom coloquial, Jatene fala de sua infância, da luta de sua mãe pela educação dos filhos, e de etapas de sua vida profissional. Comenta a sua inspiração para construir o primeiro coração-pulmão artificial utilizado em cirurgias cardíacas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Além disso, não evita abordar aspectos relativos ao desenvolvimento do país e também episódios de sua atuação como ministro da Saúde.

Ao final da entrevista, os médicos Henrique Murad e Milton Meier, membros titulares da Academia Nacional de Medicina, comentam a trajetória e a singular contribuição de Adib Jatene à medicina.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Encontros de Filosofia e Poesia

Segue abaixo o cartaz com a programação na Casa Dirce. É um evento bem atraente para aqueles que se interessam por poesia, filosofia, literatura e artes em geral!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Livro analisa ascensão de movimentos sociais na Bolívia


Seguem detalhes sobre o livro que será lançado nesta sexta-feira 22 de agosto na Livraria do Museu da República.

Nas últimas três décadas, a Bolívia sofreu profundas modificações em sua sociedade civil, fato marcadamente por influência da ascensão de movimentos sociais. Esta efervescência culminou com a eleição pela primeira vez de um presidente indígena, Evo Moralez, que assumiu em 2006, e demonstrou um rearranjo nas forças no país.
Compreender os novos atores sociais e o impacto destas ideias na relação entre o Estado e a Sociedade é a proposta de “Reemergência de identidades étnicas na modernidade – movimentos sociais e Estado na Bolívia Contemporânea”, da professora Alice Soares Guimarães, lançamento da Editora da Uerj.
Em sua pesquisa, a autora reconstrói a trajetória de interação entre as coletividades étnicas e o Estado boliviano ao longo da história republicana, analisando as mudanças no âmbito destas relações. Para isso, examina um dos principais movimentos sociais do país, o dos plantadores de coca do Trópico de Cochabamba, considerado na literatura como um dos mais bem sucedidos da América Latina atual.
O livro é uma indicação de estudo para os pesquisadores das relações entre Estado e sociedade na modernidade, assim como para aqueles que se dedicam à pesquisa de questões relativas à América Latina.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Lançamento de "Reemergências"



Nesta sexta-feira, a EdUerj lança mais um livro: "A reemergência de identidades étnicas na modernidade: movimentos sociais e Estado na Bolívia contemporânea" de Alice Soares Guimarães. A obra observa os processos e dinâmicas, no contexto da sociedade boliviana, que levaram ao protagonismo os movimentos sociais indígenas e examina um dos principais movimentos sociais da Bolívia contemporânea, o dos plantadores de coca do Trópico de Cochabamba, como um dos mais exitosos da América Latina atual. 


É amanhã! Não deixe de comparecer!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Beatriz Damasceno em entrevista sobre Lúcio Cardoso

Lúcio Cardoso escreveu romances, peças, poesias e se expressou por meio das artes plásticas. Neste mês em que se comemora o seu aniversário de nascimento (ocorrido em 14 de agosto de 1912), a professora e doutora em letras pela PUC - Rio Beatriz Damasceno conversou com o nosso blog sobre “Lúcio Cardoso em corpo e escrita”, livro que lançou pela Editora da Uerj em 2012.

Professora, como surgiu o seu interesse pelo trabalho de Lúcio Cardoso?

O primeiro livro que li do Lúcio Cardoso foi a novela Inácio, nos meus tempos de faculdade, aqui na Uerj, e fiquei admirada com a densidade do texto. Lúcio Cardoso é um grande escritor, à medida que conhecemos seu trabalho, nós nos impressionamos com a construção dos personagens, com a estrutura narrativa.  
Além disso, o meu interesse de pesquisa é a relação entre a escrita e a experiência e Lúcio Cardoso manteve diário durante anos e o escrevia para publicação, tudo isso me levou ao estudo de sua trajetória como escritor.

Pensando neste mês em que se comemora o aniversário de nascimento do escritor, você acredita que o trabalho de Lúcio Cardoso é devidamente reconhecido?


Existe o reconhecimento da qualidade de Lúcio Cardoso como um grande romancista. Crônica da casa assassinada, por exemplo, está entre os clássicos de nossa literatura, já teve adaptação para o cinema e o teatro. Entretanto, o nome do escritor não tem uma repercussão midiática ou tão popular. Creio que a apresentação da obra do Lúcio Cardoso nas universidades e a boa divulgação dos nossos escritores, em geral, é sempre um presente maior para o leitor, mais do que para o próprio autor. Por isso, um espaço como este de vocês é tão importante.

Um fato fascinante na vida de Lúcio Cardoso é que ele não deixou suas atividades criativas serem interrompidas pelo derrame que sofreu, permaneceu criando mesmo com suas limitações, investindo mais nas artes plásticas.  O seu livro cobre bastante este período depois do AVC. Gostaria que você falasse do processo de pesquisa, já que “Lúcio Cardoso em corpo e escrita” traz muitas fotos/reproduções desta fase.

Beatriz Damasceno: pesquisa sobre escrita de Lúcio Cardoso
No meu livro, procurei dar sentido aos anos em que o escritor conviveu com o AVC, pois todas as referências biográficas davam um salto nesse tempo: em 1962, o escritor teve um acidente vascular cerebral que o impossibilitou de falar e escrever e morreu em 1968. Quis conhecer como Lúcio viveu esse tempo, já que era extremamente ligado à escrita, e encontrei uma série de pastas, blocos, cadernos, cadernetas que traziam todo um processo de busca pela reabilitação. E, principalmente, uma escrita de experiências diárias, à maneira própria do corpo. As reproduções desse material servem também para que o leitor observe o quanto o escritor mantém a cumplicidade com a escrita, no período da doença. Posso dizer que o meu processo de pesquisa foi muito emocionante.

Hoje em dia vem se tornando comum surgirem artistas que transitam em mais de uma forma de arte, e vemos classificações como “artista multimídia”. De certa forma, Lúcio Cardoso já antecipava esta tendência?

Lúcio Cardoso era múltiplo, tinha interesses diversos, transitou por muitas áreas em toda a sua carreira, como, por exemplo, teatro e cinema. Também já gostava de pintar, desenhar. Entretanto, conseguiu reconhecimento como romancista. Mas acredito que a pintura, ofício após o AVC, foi para ele uma nova forma de escrita. Numa folha de bloco que está reproduzida no livro, Lúcio escreve aos amigos, após a abertura de sua exposição de quadros e inúmeros elogios: “É, sou escritor.”

Esta luta pela arte como uma necessidade vital, empreendida por Lúcio Cardoso, contrasta muito com a forma com que muitos lidam com a arte nos dias de hoje, com o prisma do descartável, do instantâneo, apenas do viés mercadológico.  Neste aspecto, acredito que seu livro pode ser interessante a professores e estudantes não só de letras, mas de artes em geral...

O que acho interessante na personalidade desse artista, quando você se refere ao interesse mercadológico, é que Lúcio Cardoso fez praticamente um trabalho às avessas. Num momento em que o romance chamado regionalista estava em voga, que escrever sobre a realidade social era uma forma de alcançar um reconhecimento, Lúcio Cardoso nega essa opção e rejeita qualquer análise de seus livros a partir dessa ótica. Em entrevista, afirma: “A minha concepção de romance vai de encontro ao da maioria dos romancistas modernos, que preconizam uma arte da observação pura, a fotografia da realidade... A verdade está no subsolo.”

Acredito que o livro traz uma reflexão sobre a arte que não espera, que é uma marca territorial, matéria de expressão. Lúcio Cardoso, nesse período, dentro de todas as limitações, não teria interrompido seu trabalho de diarista, por exemplo, mas o apresenta de maneira radical, inscrevendo as percepções, movimentos e afecções do corpo na composição da escrita.

Qual o maior legado de Lúcio Cardoso?

Lúcio Cardoso nos deixa a relação de dignidade do artista com sua arte. Experimentou a morte pela escrita e por ela também será incapaz de morrer.


O Blog agradece a sua entrevista!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Livro discute criações de Manuel Zapata Olivella



Um autor que é referência para o estudo da literatura latino-americana, embora permaneça inédito para o mercado editorial brasileiro. Este é Manuel Zapata Olivella criador de clássicos que investiram na sua realidade local, a Colômbia, e descreveram a penúria e a marginalização dos afrodescendentes em uma América Latina pós-colonial. A relevância de sua obra pode ser melhor compreendida por intermédio de Manuel Zapata Olivella e o “escurecimento” da literatura latino-americana (EdUERJ), de Antonio Tillis, professor da College of Charleston.
   


Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José de Paiva dos Santos, responsável pela tradução e pela introdução do livro de Tillis, a literatura de Zapata “constitui terreno fértil para o debate acerca de temas que permeiam nossa cultura pós-moderna”. No caso, enfoques como “identidades fragmentadas, hibridismos, cosmopolitismos, transnacionalidade e transculturalidade”, segundo o professor.
  
Prof. Tillis, o autor
Autor de obras seminais como Changó, el gran putas e Chambacu, corral de negros, Zapata é recorrentemente estudado no meio acadêmico em função de seu pioneirismo não só nos temas, mas nas estruturas linguísticas. A pesquisa de Antonio Tillis ajuda a compreender a importância do escritor colombiano, marcante por representar o negro latino-americano distante de estereótipos tão comuns à literatura. Mesmo quando Zapata narra situações ocasionadas pela fome, como no romance Tierra, ainda há espaço para reflexões sobre o sincretismo cultural ou as estruturas patriarcais das famílias.
   
    Um dos trunfos relativos à literatura de Zapata é que a realidade dos descendentes africanos na Colômbia encontra um paralelo nos povos de outros países latinos. O próprio autor, um escritor mestiço, de pai negro e mãe com raízes espanhola e indígena, conviveu e reproduziu em seus textos as subjetividades que compunham sua pessoa.
   

   Há de se questionar por que no Brasil, um país afetado em demasia por questões concernentes à desigualdade racial, exista dificuldade para se encontrar o exemplar de um livro de Zapata Olivella. Com isso, perdura um cenário em que a maioria de narrativas existentes reproduzem apenas a visão herdada dos colonizadores, aquela em que as etnias negras ou indígenas têm suas contribuições subestimadas.
  
   Felizmente hoje existe um crescente esforço no sentido de uma reavaliação do impacto da contribuição das raízes africanas para a formação da sociedade. Em sintonia com este movimento,Zapata Olivella e o “escurecimento” da literatura latino-americana insere-se como indicação para estudiosos de literatura ou para os interessados em compreender de forma plural a cultura da sociedade latino-americana.